As normas sociais que nos separam de nós mesmes

 Na falta de algo melhor para comentar vou falar de algo pessoal mas que associo, nem  que seja de forma distorcida, a este conceito de alienação, tanto na sua intenção original como nesta forma mais simples e romantizada de ser apenas a separação do ser humano à sua ''natureza'', a si mesmo.

  Algo que me incomoda profundamente hoje em dia é a condição a que somos submetidos baseada em normas completamente mal fundamentadas e irreais, que têm origem de uma cultura(talvez), com o único objetivo de oprimir na procura de superioridade. 

  Com isto, eu cresci a acreditar que sou só mais um peão sem direito a razão própria e embora eu tivesse noção de que haviam exceções, de pessoas que são ''diferentes'' quer porque gostam de alguém do mesmo género que o delas ou por terem uma identidade de género que não corresponde ao seu sexo biológico, foi me imposto que só os outros é que são assim e que não era o meu lugar questionar isso em relação a mim mesme, eu vejo isto como a separação de mim mesme a já estar imposta sem me deixar ter a oportunidade de ser humano.

Diferentes civilizações não se limitavam à norma atual de homem e mulher, desde os egípcios, onde se encontram referencias a um terceiro género ''Sekhet'', ao povo Buginês, da indonésia, que fazem referência a 5 géneros, e até aos povos indígenas americanos que falavam em ''dois-espíritos'', que eram pessoas que tradicionalmente executavam papeis associados a ambos os género masculino e feminino (o termo dois-espirito deriva da crença de que género era determinado pela alma/espirito da pessoa).

''To decimate kinship structures that variously occupy relationality outside of this linear path requires mimicry of an accepted European system that entails: a mother, who is a woman; a father, who is a man; and then a child who is coded man or female to ensure a continuation of the gender role assigned and the commodified reproduction of their future descendants'' (Kramer 2011,p381).

  Não só este passado colonial afeta a nossa visão(ainda atual) sobre a ideia de género, mas também afeta a ideai de sexo, que é igualmente tida como binária. Isto, claro surge da herança colonial que influência ainda hoje temáticas como a etnia, abrange os próprios investigadores de ramos cientifico, que normalmente, não tendem a ''complicar'' o assunto e mencionar, por exemplo, a existência de pessoas intersexo, que durante décadas foram ''apagadas'' de relatórios médicos, sendo mutiladas à nascença(como é o caso de David Reimer) para uma mais fácil implementação na sociedade binaria; da mesma maneira que não há grande debate junto do publico acerca de pessoas com características sexuais discordantes, por exemplo mulheres cisgénero com cromossomas associados ao sexo masculino, ou pessoas que sofrem com transtornos hormonais que criam conflitos a nível da determinação de sexo.

 No fundo, queria demonstrar como a visão binária de género leva à alienação do ser humano da sua própria identidade de género, algo que tanto eu como milhares de pessoas sentem numa sociedade constrangida à ideia de existência de apenas homem e mulher enquanto uma ode ao colonialismo e supremacia branca. Da mesma maneira que Marx fala da alienação económica, é possível falarmos de uma alienação a nível de praticamente qualquer aspeto da nossa sociedade pós industrial.

“The Trial of the Chicago 7”, resistência e incorporação

  Um dos mecanismos de auto manutenção do capitalismo tardio é a incorporação cultural . Esta consiste na capacidade da ideologia predominan...