Lewis W Hine Oshkosh, WI (USA), 1874-1940
Under Privileged Child at Hull House, Chicago, 1910
Under Privileged Child at Hull House, Chicago, 1910
Lewis Hine foi o fotógrafo pioneiro da fotografia documental. Os seus trabalhos denunciavam as injustiças sociais da sociedade Americana do séc. XX provocadas pela Revolução Industrial. A reforma do trabalho infantil foi a verdadeira motivação de Hine. Utilizava a sua câmara como instrumento de mudança para alertar e sensibilizar a sociedade sobre as suas problemáticas.
Hine fotografou uma criança que trabalhava nas minas de carvão, com não mais de 4 anos de idade. Captou a expressão infeliz do menino. A maioria das suas fotografias eram de vista frontal, pelo que pretendia captar a expressão máxima do rosto dos trabalhadores. É uma fotografia que transmite emoção devido ao seu realismo. Acreditava que a fotografia não manipulada possibilitava a transmissão de mensagens com maior eficácia (“senso de veracidade)”.
“Seu estilo direto exibia um senso de veracidade - evitando melodrama - e um respeito óbvio pelos sujeitos. Como Alan Trachtenberg observou, as crianças de Hine, em particular, expunham “astúcia”. Elas eram fortes e enérgicas e, como todos seus sujeitos, não transpareciam nem mesmo um singelo e oprimido propósito de piedade (GOLBBERG; SILBERMAN, 1999, p. 43)“.
As suas fotografias chocaram a sociedade com a realidade do novo sistema de produção e a sua exploração de mão-de-obra, conseguindo impulsionar a criação de leis que regulamentaram o trabalho doméstico e melhores condições de trabalho.
A cultura é herdada e arbitrária, pelo que fazemos questão de transpor os nossos conhecimentos, hábitos e costumes à geração seguinte por múltiplas razões. Não só para não a perdermos no tempo, mas também para aprendermos com os erros da história. Conhecemos a história do mundo. Poderemos então até considerar por questões educativas. Posto isto, lanço uma questão: porque é que continuamos a repetir os mesmos erros? Escolhi o tema da fotografia e trabalho infantil, porque é um assunto que precisa de ser falado, sendo que ainda é uma adversidade da atualidade.
Segundo a ONU (Organização das Nações Humanas) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho), 73 milhões de menores realizam trabalho perigoso.
ONU reitera que “crianças não devem trabalhar nos campos mas nos sonhos”.
Não existe qualquer razão para termos a cultura que temos.
Antigamente, fazia parte da cultura da sociedade as crianças auxiliarem os seus pais nas tarefas de campo, trabalhos que não eram pesados ou exaustivos, sobrando tempo para lazer. As famílias eram muito pobres e todos contribuiam. Isto devido ao sistema de classes da época. Com o êxodo rural, foram trabalhar para as cidades. No entanto, ali passavam o dia todo nas fábricas sem qualquer descanso. Para além dos baixos salários que pagavam a todos os trabalhadores, as crianças recebiam ainda menos. Existiam deploráveis condições de trabalho, estando expostas a acidentes e doenças.
Com este sistema, as cabeças das grandes empresas lucravam drasticamente, obtendo dinheiro e poder ao custo do proletariado. A rentibilidade que extraíam incentivava afirmação e a continuação destas organizações responsáveis pelas injustiças sociais que as classes mais baixas sofriam.
Enunciamos, portanto, a declaração de que “a rentibilidade molda a cultura”.
É importante refletir sobre as consequências que esta atividade teve desde logo nas crianças há cerca de um século atrás e no impacto que teve na vida das pessoas até à atualidade.
