A beleza sempre foi algo subjetivo. Todo ser humano sente-se atraído pelo belo, pois desperta-nos uma sensação de admiração no nosso olhar. Ao belo, associamos aspetos positivos; temos o hábito de associar inteligência, gentileza, educação, e até riqueza a pessoas com feições “atraentes”. No entanto, nunca existiu uma só definição de “belo”. No decorrer de séculos e de culturas diferentes, a definição de “belo” tem mudado, estando sempre numa constante evolução, por vezes até mudando drasticamente em apenas décadas, mediante da influência de acontecimentos históricos, às vezes causadores de extremas mudanças culturais.
O colonialismo moderno, espalhou
durante séculos a ideia do europeu, do branco ser “superior” às outras raças. Esta
ideia de superioridade manifestava-se de diversas formas no poder que exercitava
sobre os opressos, incluindo na sua própria aparência, na cor da sua pele. Aspetos
como cabelos lisos e pele clara são padrões de beleza eurocêntricos que ainda
podem ser vistos hoje a serem praticados, sobretudo em países com um passado
colonial. O chamado skinbleaching é ainda lamentavelmente popular em países
onde a grande maioria da população é negra, ou de pele escura, tais como na Índia
e na Nigéria. Em imensos países do sudoeste asiático, tais como as Filipinas,
existe o estereótipo de que as pessoas com pele mais escura trabalham no
exterior, estando por si associadas com trabalhos praticados pela classe baixa,
tais como agricultura, e as pessoas com a pele mais clara no interior, como
empresas e bancos, então associadas a trabalhos de classe alta.
O fato de alguém querer clarear a sua pele para ganhar um maior estatuto social, para conseguir ser aceite na sociedade, revela que um indivíduo com pele escura carrega consigo uma conotação negativa. Pobreza e “sujidade” são alguns dos aspetos associados com pele escura em imensas culturas. Esta crença leva-me a acreditar que existe uma falsa consciência proeminente de que possuir pele escura é visto como não atraente, como feio, “sujo”, e desprivilegiado. Exceto que, atualmente, não são mais os colonizadores, mas sim as indústrias de cosméticos, através de propagandas incessantes, e até nós mesmos, integrantes da sociedade, que continuam a puxar esta ideologia, tomando-a já por hábito como algo “normal”. Tristemente, muitos destes estereótipos e hábitos, começam a ser-nos implantados desde que nascemos; práticas passadas entre gerações, especificamente, de mãe para filha, visto que as mulheres também são as mais pressionadas a seguir uma certa “imagem”, e a ênfase na aparência, e não no carácter que a sociedade coloca na mulher.
Numa sociedade em que
priveligia socialmente aqueles com pele clara, quebrar estes hábitos e
estereótipos teria que começar por uma rejeição progressiva dos mesmos. Ao
crescer, tive também o constante hábito de alisar o meu cabelo, mas foi somente
à poucos anos que decidi finalmente abraçar a minha afro. Embora talvez soe um
pouco “sentimentalista”, acredito que seja através do amor próprio, e de pequenas
mudanças como uma maior inclusão em espaços como o entertenimento, que estas
ideias possam começar progressivamente a extinguir-se do nosso meio.