É um facto que vivemos e sempre tivemos preconceitos enraizados dentro de nós, sejam esses incutidos e transmitidos para nós desde crianças pelos nossos país ou circulo familiar, ou pelo ambiente social em que crescemos. No entanto, o que nunca nos ocorre é questionarmos o porque de sem nos apercebermos termos preconceitos para enumeras coisas, pessoas, ações ou espaços.
Quando era mais novo, tinha um amigo (cujos país eram de etnia asiática) que via anime. Para quem não sabe anime é o nome que se dá a series animadas, ou de desenhos animados produzidos no Japão. Ora como nós já tinha-mos passado a idade dos desenhos animados, eu e outros colegas dizíamos cenas como "porque é que gostas disso? isso é para crianças", "como é que gostas de ver bonecos a história nem faz sentido" entre outros comentários. Um dia ele recomenda-me um anime curto para ver e eu decidi dar uma hipótese. Inicialmente achei aquilo ridículo, mas porque estava a ver não para gostar mas sim para achar defeitos a apontar, já ia com a mente formatada para não gostar da série. Não obstante, passado um bocado comecei genuinamente a sentir me apegado e viciado. A estranheza inicial pelo bonecos passou a indiferença e por sua vez a interesse, a ideia da história "sem nexo" que eu tinha criado na minha cabeça (sabe-se lá porquê) começou a ser cativante e a parti daí cedi e admiti que gostei.
Hoje em dia maior parte das series que vejo são anime, e quando digo isto a alguém a reação da pessoa é semelhante há que eu tinha antigamente. Percebi que este preconceito é puramente originado por uma sociedade ocidental, onde vimos "desenhos animados" como algo infantil, que quando crescemos deixamos de gostar, a verdade é que todos nós em tempos vimos e gostámos. Nos países asiáticos, anime faz parte da cultura, com um peso talvez superior aquilo a que nós cá chamamos de "series" ou filmes. O pior é que atrás de cada preconceito vem sempre a aceitação ou a tentativa de perceber e de compreender a sua origem, assumimos que assim o é porque toda a gente a nossa volta acha o mesmo. Uma ideia que não é nossa esta enraizada em nós e não nos permite realmente descobrir qual é o nosso verdadeiro interesse, nem nos deixa formular a nossa própria ideia sobre algo.
Segundo Fiske, parece que adquirimos uma "falsa consciência" proveniente das ideia socio-culturais, e da ideologia criada não por nós mesmos, mas pelas classes dominantes. Fiske utiliza estes termos mais no contexto económico, no entanto acredito que são bons exemplos para representar a origem dos "nossos" preconceitos.