O novo citroen e os novos consumos

 

Barthes: o novo citroen

Se o automóvel hoje é um dos meio de transporte favorito a alguns anos atrás eram símbolo de status, poder e independência. Assim o Citroën abordado no texto, cai do céu como um objeto divino, atraente e irresistível. Onde os seus materiais passam a ser acariciados e observados detalhadamente como se se tratasse de um símbolo divino na terra.

Vamos relembrar poucos anos atrás quando deu-se o crescimento súbito da criação de automóveis em série, como o exemplo do ford T e posteriormente todos os automóveis no mundo. Os automóveis eram a partir desse momento produzidos de maneira mais barata, rápida que respondesse aos pedidos.

O poder de compra nesta altura nos Estados Unidos da América estava em modo crescente e fez com que grande parte dos adolescentes passassem a poder usar o seu próprio carro, e assim proporcionando uma nova dimensão.

Este assunto é abordado no livro Hit Makers de Deren Thompson, onde aqui o autor aborda, por exemplo, o aparecimento dos carros para este público mais jovem e a importância que isso desempenhou. Esta presença dos automóveis na vida dos adolescentes americanos fez com que ganhassem um novo espaço privado e com isso mais liberdade. Aqui podiam ter a sua própria independência dos pais, até para o exemplo de relações amorosas. Onde antes seria incomodo para algum adolescente levar o/a namorado/a a casa, precisavam de passar por uma fase de apresentação à família como era costume, agora, com o seu próprio veiculo isso deixava de acontecer porque como está presente no livro “os adolescentes americanos encontravam no carro a sua privacidade amorosa”.

Esta conexão entre a pessoa e o automóvel é também refletido no livro Buyology de Martin Lindstrom, onde é feito um estudo sobre a ligação e ao interesse das pessoas em relação a estar dentro de um automóvel novo. Aí, o autor do livro revela que existe algo que atraia o público: o cheiro a carro novo e o material.

O automóvel não era mais um simples método de transporte, mas sim uma experiência, um status e um desejo para grande parte do público. Neste livro desvendam também qual a razão por detrás deste interesse. O que suscitava esse interesse era o cheiro a carro novo, mas esse cheiro não é mais que um simples perfume, que faz atrair as pessoas. Tratasse de um incentivo que cria uma ideia de experiência de um carro novo.

A razão pela qual as marcas faziam uso destas ferramentas era para impulsionar a sua venda, o mesmo aconteceu anos mais tarde quando muitos dos clientes se queixavam que todos os carros eram pretos, e, nessa altura, as marcas começaram a criar automóveis de várias cores, o que resultou em impulsionar o mercado. No texto “o novo Citroen”,  é citado que “a vista é o sentido mais magico”, aquele que nos cativa e faz sonhar mais facilmente.

Os estímulos associados aos nossos sentidos são muito importantes, cada vez mais queremos algo que achamos bonito, cheire bem e que se mostre bem aos outros. Existem algumas técnicas

utilizadas por empresas que nos cativam e nem nos apercebemos. Um destes casos é a mini que quando começou a desenhar os seus automóveis criou-os de maneira que o público gostasse e achasse engraçado, assim surgem os minis cooper de pequenas dimensões, com grandes luzes (simbolizando olhos) e grelhas muito brilhantes. Estas características faziam com que o carro fosse associado a um desenho animado e assim criava uma conexão de carisma com os possíveis clientes.

Neste mesmo texto o automóvel é abordado de uma maneira tão irreal e divina que chega a ser colocado quase como objeto sexual de desejo“ o objeto é aqui totalmente prostituí-lo, transformado em objeto de apropriação e saída do seu de metropolis”.

Esta relação de “Déesse” é associada ao movimento da promoção pequeno-burguesa na medida em que o carro passa a ser um sonho, um desejo e um símbolo divino na terra. Concluímos assim que o aspeto visual é muitíssimo importante para a atração das pessoas, mas não só, o cheiro, o material e o status é igualmente muito influenciável nos gostos das pessoas. Concluímos também que em grande parte das vezes as marcas aproveitam-se desta nossa “fragilidade” para gerar o seu sucesso.

Biografia

Buyology, Martin Lindstrom 2008 

Hit Makers, Deren Thompson 2018

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