O Homem alienado
O Homem na sociedade atual sente-se alienado. Alienado da vida, dos que os rodeiam e do meio que se insere. Vive numa bolha virado para o seu próprio umbigo e, de forma paradoxal, atento à vida alheia. Colado ao seu ecrã, entra em modo automático. O cérebro trabalha em serviços mínimos. Em algum momento da nossa vida, todos nós já sentimos a necessidade de entrar nesse estado adormecido, quer seja por cansaço, saturação ou até mesmo por um impulso de dar um refresh. O que sentimos nesses momentos é uma ausência emocional. O que nos provoca a longo prazo é um desprendimento da realidade. Vemos catástrofes a acontecer, um ataque terrorista, uma morte duma celebridade… E isso tem em nós um impacto de meros segundos. Mais um scroll, a empatia desvanece-se e a neutralidade permanece. Essa neutralidade é assustadora porque é uma não-ação, um encolher de ombros. Pensamos no assunto da atualidade que nos aflige, refletimos, ficamos assustados com as potenciais consequências… mais um scroll no nosso porto seguro que é o nosso telemóvel.
Sentimos estranheza quando saímos do nosso meio urbano, da nossa rotina, deixámos de sentir a Natureza como um elemento das nossa vidas. A Natureza fala connosco, mas nós não falamos com ela. Não falamos com nós próprios porque não nos conhecemos nem enfrentamos os nossos problemas. Não falamos com as outras pessoas porque nos causa uma ansiedade tremenda. Cada um criou a sua própria cultura, influenciada pela cultura onde se insere, mas nenhuma delas comunica com a Natureza que é a nossa essência. Sem essência somos espectros de nós mesmos, entorpecidos com o peso da nossa existência. Vendo a vida a passar, assistindo com uma dor mergulhada num vazio.