A imagem modelo MASHUP

 

A imagem modelo Mashup

 

Muito antes da digitalização  já diversos artistas experimentaram conjugar diferentes formas artísticas. Através da palavra escrita, fotografia, ilustração, música e pintura, ultrapassam as suas fronteiras criando obras de arte inusitadas, no entanto o digital trouxe consigo um maior alcance das obras e uma maior rapidez na sua divulgação.

Podemos até repartir e categorizar o mundo digital em vários modelos: o Modelo Mashup, o modelo Multimédia e o modelo Transmédia- de acordo com as técnicas a que cada artista recorre para a criação de uma ou várias peças.

O Modelo Mashup é a combinação do que aparenta ser impossível fundir, criando uma arte que transpassa a realidade como conhecemos. Assim, através da mistura de meios e objetos distintos surge uma nova realidade, uma nova forma de arte característica pela sua unicidade. Para o desenvolvimento do trabalho, irei focar-me no modelo Mashup.

George Segal cria uma obra que mistura inúmeros objetos para construir a brilhante cadeira de picasso. Para a sua construção, utiliza gesso, madeira, tecido, borracha e corda. Assim, cria uma cadeira única, excêntrica.

Segal detém as suas personagens como esculturas brancas que também se encontram em espaços reais, na rua. Confrontam-se como vítimas que exprimem a sua solidão, o isolamento, a melancolia, silêncio e o encerramento. Através destes acontecimentos, o artista mistura e eleva o realismo americano com a tradição destas suas imagens que datam o início do século XX, estabelecendo com o objeto mensagens à dimensão humana e à medida do quotidiano. A sua linguagem é expressiva e surreal enquanto expõe o homem no seu aborrecimento solitário no seio de mecanismos da época impostos por um mundo que lhe é estranho.

Com o desenvolvimento das tecnologias, o acesso a estas práticas cresceram drasticamente. As obras Mashup e Multimédia são mais fáceis de construir e de expor do que antigamente. Épocas de inovação tecnológica impulsionaram a criação de inovadoras obras, capazes de alcançar o inimaginável. Em Dalí Atomicus, Salvador Dali repetiu a mesma fotografia repetidamente até encontrar a posição perfeita. Com os meios que temos hoje este processo seria muito mais eficaz. Da mesma forma exemplificando, Segal poderia utilizar plataformas digitais para confecionar a sua obra mais eficazmente. No entanto, apenas com o evoluir da tecnologia e da cultura, obtemos as ferramentas que nos permitem a mais fácil e eficiente construção de matéria e divulgação de produtos. Não invalidando, os métodos utilizados antigamente contribuíram para a genialidade das suas obras. Hoje apreciamos a mentalidade por detrás dos processos criativos dos artistas que conduziram às suas obras finais. É através da evolução da sociedade, da cultura, dos aspetos económicos e tecnológicos que conseguimos associar cada época a determinados períodos de tempo, cada um tão distinto um do outro. Segal, nos anos setenta com as suas expressões modernistas e, a propósito demonstrando, António Jorge Gonçalves com os seus desenhos efémeros puramente realizados através de meios digitais que marcam a época revolucionária dos meios tecnológicos em que nos encontramos.

 

George Segal, Picasso’s Chair, 1973, Nova Iorque




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