Uma barreira ambígua


Quando nos deparamos com a problemática, o que é natureza e que é cultura, a primeira definição com que nos deparamos é que a natureza é o conjunto de todas as coisas que existem em estado bruto, ou seja, independentemente da interferência humana. Podemos, assim, definir a cultura como o conjunto de tudo aquilo que o homem constrói modificando a natureza.

 Mas sendo o homem parte da natureza não será um pouco hipócrita colocarmo-nos num pedestal em relação a mesma?! desprover-nos a nos próprios do nosso lado animalesco considerando-nos como seres superiores. Tudo no mundo pode sofrer uma alteração gigantesca com um mero efeito borboleta, e sendo o homem o grande causador destes efeitos, também devia fazer parte da sua natureza, parar e pensar se a natureza atual, atulhada destes efeitos não é cultural.

 É difícil atualmente encontrarmos um sítio que seja cem por cento desprovido do conhecimento humano, e não sendo desprovido do mesmo, é ainda mais difícil dizer que o mesmo não sofreu com a sua interferência. Sendo que tudo o que existe atualmente sofreu com o efeito borboleta do homem, arvores, flores, peixes, pássaros, insetos e tantas outras coisas viajaram continentes e atravessaram mares, não por via da sua natureza, mas sim pela mão do homem, até a própria evolução das espécies é influenciada pela nossa existência, na matéria em que tudo o que tudo o que fazemos influencia tudo, como nos é possível definir que ainda existe natureza no seu estado bruto.

  O caos causado pela nossa existência é inevitável, mas cabe-nos pensar se o que definimos como não modificado por nos é assim mesmo, ou talvez não, e tomando consciência do mesmo, podemos mudar a nossa perspetiva de natureza como o que existe na apesar da interferência humana.

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“The Trial of the Chicago 7”, resistência e incorporação

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